4.09.2005 ABKNET
 

Operação Última Chance (04/09/2005)

 
 

Nome: Aribert Heim
Idade: 91 anos (nasc.: 28/06/1914, Radkersburg, Áustria)
Altura: 1,90 m
Outros dados:
Olhos azul-cinza escuro, foi jogador de hóquei sobre gelo, possuía porte atlético, idade pode ter diminuído sua altura.
Cicatriz em forma de "V" no ângulo direito dos lábios.
Pode usar os nomes: Albert Heinrich Heim,  Heribert Ferdinand Heim e outros.

Informações que levem a Aribert Heim garantem uma recompensa de 130.000,00 euros. Os contatos podem ser feitos nos seguintes endereços:

Centro Simon Wiesenthal
Mendele Street 1
92147 - Jerusalem
Israel
email: [email protected] Site da Operação Última Chance: http://www.operationlastchance.com

História, biografia e pistas

A Operação Última Chance (Operation Last Chance) é uma iniciativa do Centro Simon Wiesenthal de, 60 anos após o fim da segunda guerra mundial, conseguir levar aos tribunais os últimos criminosos nazistas ainda vivos, livres e impunes, escondidos pelo mundo afora. É uma tentativa última de fazer justiça aos mortos e às poucas vítimas que continuam vivendo. A derradeira caça aos criminosos de guerra, protegidos por identidades falsas e redes de apoio que garantiram e garantem uma vida tranquila aos mais sádicos monstros que o século passado conheceu.
Iniciada em 8 de julho de 2002, na Lituânia, a operação já foi estendida a 9 países, entre eles Croácia, Áustria e este ano Alemanha. Desde então nada menos de 364 criminosos nazistas, em mais de uma dúzia de países, foram localizados, dos quais 79 deles foram entregues aos tribunais competentes.

Simon Wiesenthal, 97 anos, um engenheiro vítima dos seguidores de Hitler, foi libertado ao fim da guerra do campo de concentração de Mauthausen, na Áustria. Ele dedicou sua vida à caça aos criminosos do maior genocídio da história moderna. Hoje Wiesenthal é um homem doente e ciente que seus últimos dias chegaram. Ele não dirige mais pessoalmente os trabalhos do centro criado por ele, mas continua frequentando seu escritório onde possui uma pasta , sempre aberta, de um último criminoso com quem tem uma conta pessoal: Aribert Heim.
Heim foi médico do campo de concentração onde Wiesenthal foi prisioneiro, Mauthausen, e conseguiu até hoje escapar de todas as tentativas de localizá-lo. A única certeza que se tem é que ele continua vivo e tem 91 anos.

O monstro Aribert Heim

O Dr. Aribert Heim está situado por seu sadismo no mesmo plano de Josef Mengele. Seus crimes foram igualmente praticados em campos de concentração nazistas, onde trabalhou como médico, com os mesmos requintes de crueldade e frieza utilizados pelo "Anjo da Morte".

Formado em medicina em 1940, em Viena, mesmo antes da anexação da Áustria ao Reich, ele tornou-se membro do Partido Nacional-Socialista austríaco.
Logo após concluir seus estudos ingressou na SS como voluntário. Já em junho de 1941 participava em experimentos a prisioneiros no campo de Buchenwald. Ex-prisioneiros sobreviventes testemunharam que Heim, por duas vezes, após o assassinato de suas vítimas, extirpou das mesmas as cabeças para prepará-las especialmente como adornos sobre sua mesa de trabalho.

A partir de outubro de 1941 ele foi transferido para o campo de Mauthausen, na Áustria. Ali era  médico da SS no campo. O inexperiente doutor era movido por ódio racista, curiosidade cirúrgica e instintos assassinos.
Em apenas dois meses Heim assassinou comprovadamente, através de documentos e testemunhas, centenas de pessoas com injeções aplicadas diretamente no coração, sem anestesia, testando a rapidez letal de composições químicas em seres humanos.
Um dos pontos de sua acusação relata como ele, com um corte vertical ao longo de todo o ventre  de um paciente, retirou os órgãos da vítima provocando sua morte sob circunstâncias inimáginaveis de dor e tortura.

O mais sádico dos médicos nazistas

O escritor Ernst Klee, em seu livro "Auschwitz - A medicina nazista e suas vítimas", descreve Heim como um homem cujo sadismo supera todos os médicos nazistas.

Heim também atuou no campo de concentração de Sachsenhausen. Ao fim da guerra ele trabalhava como médico da SS na Finlândia e na Noruega. Suas pistas se perdem então até o fim da guerra, quando foi preso, em março de 1945 pelas força aliadas em Buchholz, na Alemanha. Internado de 1945 a 1949,  conseguiu a liberdade com a ajuda de dados pessoais manipulados. Estranhamente todos os responsáveis do campo Mauthausen, até mesmo o farmacêutico do campo foram presos e julgados. Todos, 48 criminosos, condenados à morte. Misteriosamente Heim teve seu nome simplesmente apagado dos documentos do campo, embora já em 1946 prisioneiros sobreviventes descreviam detalhadamente suas monstruosidades à comissão de investigação criada pelos norte-americanos, a "US War Crime Investigation Team".

Casamento, clínica ginecológica e fuga

Nos fins dos anos 40 Heim passou a viver pacatamente em Friedberg, estado alemão de Hessen, onde trabalhava em um hospital e, nas horas livres, praticava seu esporte predileto, o hóquei sobre gelo. Casou-se com uma médica de familia abastada, de quem possui dois filhos e, em 1954, abriu uma clínica ginecológica em Baden-Baden. Ele possui ainda uma filha austríaca de um relacionamento extra-conjugal.
O passado entretanto cada vez aproximava-se mais de Heim. Percebendo isso, tratou de assegurar o futuro financeiramente, através de imóveis e investimentos, e passou a preparar a fuga.  No dia 13 de setembro de 1962,  há 43 anos portanto, quase ao mesmo tempo que as autoridades e a polícia  chegavam a sua porta, o médico fugia com destino ignorado. A rede de informações nazista, que até hoje cuida de seus protegidos e vinha informando-o dos acontecimentos, cuidou de avisá-lo a tempo e garantiu logisticamente a fuga.

As pistas e uma segurança: Heim continua vivo

As pistas que desde então levam a Heim passam pelo Egito, Suiça, Espanha e América do Sul. Ele separou-se com isso da familia. Sua esposa chegou a divorciar-se dele nos fins dos anos 60, mas tudo para apagar pistas e proteger o nome dos filhos. Seu nome continua até hoje na placa da mansão da familia em Baden-Baden. Os contatos continuaram e até mesmo recados de que estaria bem foram recebidos por suas familiares.
O suporte financeiro para sua nova vida vieram ao longo dos anos de seus investimentos e aluguéis que chegam por tortuosos caminhos, baseados em procurações e no apoio de advogados e familiares. Todos os bens continuam em seu nome.
A maior prova de que continua vivo foi dada involuntariamente pelo fisco alemão este ano. O repassamento ao fisco, pelo banco, de impostos cobrados por lucros sobre ações de propriedade de Heim, gerou uma batalha judicial onde os advogados do médico alegam a impropriedade do imposto, já que o cliente não reside na Alemanha.  O patrimônio de Aribert Heim é estimado em alguns milhões de euros. Esteja onde estiver, ele recebe regularmente sua renda, na mais completa legalidade. Além disso, estivesse morto, o seu inventário teria sido obrigatoriamente feito, independentemente dos herdeiros, como obriga o procedimento legal pelas leis alemães e austríacas.

América do Sul: Uruguai, Argentina ou Brasil

Outra certeza sobre Heim, é de que ele viveu na ilha espanhola de Ibiza, em uma colônia de alemães tolerada pelo ditador espanhol Franco, nos anos 60. Era um tempo que Ibiza não fazia parte da rota que hoje a invade  de turistas de todas as partes do mundo. O aumento do movimento na ilha fez com que a "colônia"  abandonasse o esconderijo em forma de casas em um condomínio  com vista para o mar. O destino, traçado pela rede de ajudantes nazistas, foi provavelmente a América do Sul.
Em 1983 o serviço secreto israelense, o Mossad, recebeu informações de que ele viveria na cidade de Paysandú, Uruguai, fronteira com Argentina, sem entretanto conseguir localizá-lo. Provavelmente ele possuiu lá uma clínica psiquiátrica. A filha extra-conjugal de Heim, também teria vivido no Uruguai e hoje vive no Chile, embora viaje periodicamente para a Áustria, onde continua registrada como residente.

Segundo o Centro Simon Wiesenthal, Aribert Heim viveu em Paysandú possivelmente até 1998. Depois disso é incerto seu paradeiro. O centro possui informações e até mesmo fotos enviadas por informantes do Uruguai, Brasil e Argentina. As dificuldades de procurá-lo abaixo do equador, contudo, impedem definitivamente a detenção do nazista.
O lançamento da Operação Última Chance ganha impulso agora devido os êxitos desde seu lançamento. Efraim Zuroff, diretor do Centro Simon Wiesenthal em Jerusalém, e responsável pela campanha, adota um método não muito convencional mas que tem garantido sucesso: Recompensas em forma de dinheiro vivo, cash, sem burocracias.
Simon Wiesenthal, sobrevivente que doou a vida à caça aos criminosos nazistas, quer fechar seu último arquivo.

ABKNET, 4.09.05