18/10/2013 - 16h24 folha.uol.com.br
Justiça italiana condena nazista por assassinatos da Segunda Guerra Mundia

O tribunal militar de Roma condenou à prisão perpétua nesta sexta-feira um nazista de 90 anos por ter participado da execução de 120 oficiais italianos na ilha grega de Cefalônia em 1943.

A condenação de Alfred Stork foi a primeira na Itália sobre os massacres de Cefalônia em que milhares de soldados italianos foram mortos naquele mesmo ano.

Tentativas anteriores de acusação foram encerradas porque os réus tinham morrido ou os responsáveis não puderam ser identificados, informou o promotor militar Marco De Paolis.

Stork, que agora vive na Alemanha, foi julgado como membro de um esquadrão de execução que matou os 120 oficiais italianos, incluindo a divisão do comandante general Antonio Gardin, em 23 de setembro de 1943, segundo De Paolis.

Entre 3.000 e 4.000 soldados italianos foram mortos no massacre de uma semana, em setembro de 1943. As tropas italianas que ocupavam a Grécia com os seus aliados alemães, de repente, encontraram-se em território inimigo, quando a Itália assinou um armistício com os Aliados após a queda do líder fascista Benito Mussolini.

"Houve numerosos massacres nesses cinco ou sete dias em toda a ilha grega. Alguns soldados foram mortos em combate, outros foram executados e alguns ainda ficaram presos por um dia e foram mortos em seguida", disse De Paolis.

Dois oficiais alemães foram condenados a pena entre 12 e 20 anos de prisão nos julgamentos de Nuremberg pelos massacres Cefalônia e outros crimes de guerra. Outras tentativas de acusação na Alemanha e na Itália, em 1950 e 1960 fracassaram.

De Paolis afirmou que iniciou essa investigação em 2009 a pedido dos filhos de duas vítimas e identificou Stork após receber arquivos de uma tentativa fracassada de processar 80 suspeitos no início dos anos 2000.

O promotor disse que seria inútil pedir a extradição Stork para seu julgamento na Itália porque a Alemanha se recusou, no passado, a entregar seus cidadãos mesmo quando condenados por crimes da era nazista.

Efraim Zuroff, diretor do Nazi-hunter do Centro Simon Wiesenthal, observou que muitos alemães foram condenados por massacres de guerra nos tribunais militares italianos nos últimos anos, mas sempre à revelia porque a Alemanha se recusa a extraditar seus cidadãos.

Em casos anteriores, a Itália solicitou que os condenados à prisão perpétua cumpram sua pena na Alemanha.

"Os italianos fizeram um esforço muito admirável nos últimos dez anos para encontrar e trazer para o tribunal, não no sentido literal, indivíduos responsáveis ​​por algumas atrocidades terríveis", disse Zuroff por telefone. "É uma pena que apenas um deles tenha sido condenado na Alemanha", completou.

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